segunda-feira, 28 de abril de 2008

Eu não devia ter feito mais...

Falei hoje com um velho amigo que há mais de dez anos não tinha notícia. Estudamos juntos no interior, a irmã dele estudou com uma das minhas e é madrinha de um dos meus sobrinhos, ele namorou uma grande amiga e por aí vão os nossos laços...
Ele falou da saudade que tinha do passado e acrescentou imediatamente que devia ter brincado mais, aproveitado mais, até estudado mais... Eu queria saber da vida dele, falar da minha, saber o que ele fez nesses dez anos em que não nos vímos...
Claro que eu lembro, com muitas saudades, de subir e descer as escadarias da escola... Lá eu fui expulsa da piscina, por ter quase afogado um menino que tentou afogar a minha irmã... Lá eu tive medo de entrar na sala do laboratório porque tinha um esqueleto... Me apaixonei a primeira vez... E a segunda... Tive minha primeira melhor amiga. Dei meu primeiro beijo... Tive meu primeiro namorado. Aprendi sobre fé, senti a presença de Deus. Chorei por ter sido traída, traí também, e sem orgulho... Chorei por outros motivos. Usei o meu primeiro salto, a minha primeira saia de quase meio palmo... Naquela escola eu fui 'mocinha'... A minha turma gazeava aula e se escondia na Igreja, invadia o dormitório das freiras... Já me deram a chave do Colégio!
Não faltou nada. Eu já não tinha mais o que fazer ali... Não sei se é esse meu jeito louco de viver tudo desesperadamente, com medo que tudo acabe, que me faz fazer tudo de uma vez só. Ou se é o medo de parar e lamentar o passado e não viver agora tudo o que eu tenho pra viver... Não tenho tempo pra lamentar o passado. Há muitos outros laboratórios à serem invadidos, muitos outros ossos de caveira pra serem roubados e muitos primeiros beijos à serem dados.
Ele me pareceu meio triste, meio saudoso... Talvez lembre de alguém com saudades, ou talvez esteja sem ninguém, querendo estar com alguém... Percebi uma peso emocional... Ou talvez... Ele realmente tem o que lamentar do que não viveu... Sei lá.